Missão Espacial Kepler mede a "pulsação" de estrelas distantes
Uma equipa internacional de astrónomos, com a participação de vários investigadores do CAUP, utilizou dados do satélite Kepler (NASA) para determinar que a estrela KIC 11026764 tem 5,94 mil milhões de anos e um raio 2,05 vezes maior que o Sol. Isto traduz-se numa precisão de apenas 1%, ou seja, 10 vezes melhor do que seria possível obter com técnicas convencionais. Segundo Mário João Monteiro, director do CAUP e membro do Steering Commitee para o Consórcio de Ciência Asterossísmica do Kepler (KASC): "Esta estrela é como um Sol envelhecido. O seu estudo, recorrendo aos dados de elevada precisão do Kepler, permitiu-nos dar um salto qualitativo na nossa compreensão, com impacto na capacidade de prever a evolução de estrelas como o Sol". Monteiro afirma ainda que: "Temos agora uma nova janela para estudar o Sol e estrelas semelhantes, mas com diferentes idades. Esperamos ser finalmente capazes de conseguir atribuir idades precisas às várias fases da vida das estrelas". A medição da idade de uma estrela é uma questão fundamental para a Astronomia. Só com essa informação é possível resolver alguns problemas acerca da evolução estelar, ou até mesmo perceber como irá morrer o Sol. No entanto, este é também um dos parâmetros mais difíceis de estimar numa estrela, uma vez que não pode ser observado directamente. A asterossismologia desempenha por isso um papel central na determinação da idade das estrelas. Nos últimos anos esta técnica sofreu um grande desenvolvimento, em parte graças à obtenção de dados observacionais com muito melhor qualidade. Desde o seu lançamento, em Março de 2009, que o Kepler mede continuamente e com grande precisão o brilho de mais de 150 mil estrelas. Estas medições têm como objectivo principal a detecção de exoplanetas, através da observação de trânsitos planetários. No entanto, os dados que o Kepler tem obtido apresentam uma qualidade tão elevada que têm permitido também a detecção de pulsações nessas estrelas. Estas vibrações permitem determinar vários parâmetros estelares com uma precisão muito elevada, recorrendo a técnicas de asterossismologia. Devido à proximidade da nossa estrela e à possibilidade de a observarmos facilmente, a asterossismologia era já amplamente utilizada no estudo do Sol, mas o estudo detalhado de vibrações noutras estrelas era dificultada pela falta de dados observacionais com qualidade suficiente. Desta forma, as observações do satélite Kepler têm estado a revolucionar a investigação da estrutura e evolução das estrelas. Notas Contactos Mais informações |
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