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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
19 junho 2006

Há alguns anos que os astrónomos sabem que muitas anãs castanhas se encontram rodeadas por discos de matéria, o que parece indicar que estas estrelas "falhadas", cujo peso é inferior a 8% da massa do Sol, terão um desenvolvimento muito semelhante ao da nossa estrela.

Novas pesquisas vêm agora revelar que o mesmo parece ser verdade para os pequenos "primos" das anãs castanhas: os objectos de massa planetária ou planemos. Estes são objectos com uma massa semelhante à dos planetas extra-solares, mas que não se encontram em órbita de nenhuma estrela, ao invés "flutuam" livremente pelo espaço.

"As nossas descobertas combinadas com resultados de trabalhos anteriores sugerem que a infância do Sol e a destes objectos, de menor massa, terá sido similar", afirma Valentin D. Ivanov (ESO), co-autor deste novo trabalho de investigação.

"Agora que sabemos que estes objectos, os planemos, também possuem pequenos sistemas planetários próprios, a palavra "planeta" torna-se ainda menos clara", afirmou Ray Jayawardhana, da Universidade de Toronto (Canadá) e autor principal do estudo. "De alguma forma estas novas descobertas acabam por não ser assim tão surpreendentes, pois Júpiter também terá nascido com um disco de matéria, do qual terão surgido as suas maiores luas".

No entanto, ao contrário de Júpiter, os planemos não orbitam estrelas. Para realizar o seu trabalho Ray Jayawardhana e Valentin D. Ivanov usaram 2 telescópios do ESO o telescópio de 8.2 metros ANTU que faz parte do observatório VLT (Paranal, Chile) e o telescópio de 3.5 metros New Technology Telescope (La Silla, Chile). Com estes telescópios a equipa de investigadores obteve o espectro de 6 objectos. Todos eles possíveis candidatos a planemos.

Após analisarem os dados obtidos, descobriram que dois dos objectos têm uma massa 5 a 10 vezes superior à de Júpiter, enquanto que dois outros têm massas ligeiramente superiores, entre as 10 e as 15 massas de Júpiter. Os quatro objectos são "recém-nascidos", têm apenas alguns milhões de anos de idade e habitam regiões de formação estelar a cerca de 450 milhões de anos-luz da Terra. Os planemos encontrados emitem radiação infravermelha proveniente dos discos de poeira que os envolvem e que, com o passar do tempo, podem transformar-se em sistemas planetários em miniatura.

Num outro trabalho de investigação Subhanjoy Mohanty (CfA), Ray Jayawardhana, Nuria Huelamo (ESO) e Eric Mamajek (CfA) usaram o VLT e o seu sistema de óptica adaptativa e câmara de infravermelhos NACO, para conseguir imagens e o espectro de um planeta descoberto há 2 anos atrás em órbita de uma jovem anã castanha cuja massa é 25 vezes superior à de Júpiter. Este aliás foi o primeiro planeta extra-solar observado directamente.

Sabia-se que a anã castanha, denominada 2M1207 e que se encontra a 170 anos-luz da Terra, tinha um disco. Agora, esta equipa, encontrou provas da presença de um disco em torno do pequeno planeta companheiro da anã castanha, e cuja massa é 8 vezes a massa de Júpiter. "O par provavelmente formou-se ao mesmo tempo, como um pequeno sistema estelar binário ", explicou Subhanjoy Mohanty, ao invés do companheiro se formar no disco em órbita da anã castanha, como um sistema estrela-planeta. "É provável que pequenos planetas ou asteróides se formem no disco que existe em torno de cada um dos objectos", concluiu o astrónomo Ray Jayawardhana.

Para mais informações
http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2006/pr-19-06.html

1. Espectro dos candidatos a planemos. (©ESO - FORS/VLT+EMMI/NTT)
2. O sistema 2M1207. (©ESO – NACO/VLT)
3. Imagem artística do sistema 2M1207. (©ESO)