Supernova 1987A reacende

1. Imagem da SN 1987A, obtida pelo telescópio espacial Hubble. [ESA/NASA/ Pete Challis (CfA)]
2. Imagens do brilho da SN 1987A ao longo dos anos. (J Larsson et al.)
3. Gráfico com o fluxo da SN 1987A. (J Larsson et al.)
9 junho 2011

Desde que explodiu em 1987, esta supernova diminuiu gradualmente o seu brilho, atingindo um mínimo em 2001. Recorrendo a dados de vários observatórios, como o Telescópio Espacial Hubble (ESA/NASA), o VLT (ESO) e o observatório de raios X Chandra (NASA), uma equipa multinacional de astrónomos detetou que o brilho está aumentar. A descoberta, publicada no último número da revista Nature, aponta para que o brilho tenha aumentado quase para o dobro entre 2001 e 2009.

Situada na Grande Nuvem de Magalhães (uma das galáxias satélite da Via Láctea), a SN 1987A encontra-se a apenas 160 mil anos-luz de nós, o que a torna uma das supernovas mais próximas. Isso possibilita aos nossos telescópios detetarem pormenores praticamente impossíveis de ver noutras supernovas distantes.

Robert Kirshner (CfA), um dos autores do artigo, comentou que: “Só é possível ver este aumento de brilho na SN 1987A porque ela está tão próxima e porque o Hubble tem uma visão tão precisa”.

A história desta supernova começa cerca de 20 mil anos antes da explosão quando, nos estágios finais da sua vida, a estrela que lhe deu origem ejetou material para o espaço. Este material foi-se expandindo, formando um disco à volta da estrela.

Quando a estrela explodiu, a radiação libertada, altamente energética e rápida, colidiu com o disco, iluminando-o. Essa radiação, produzida pelos elementos radioativos criados na explosão (essencialmente 44Ti, 56Ni e 57Ni), é a principal fonte do brilho de uma supernova, mas decai com o tempo, o que provoca uma diminuição do brilho.

No entanto, o material que compunha a estrela é também expelido durante a explosão, e mais lentamente vai alcançando o disco. Quando isso finalmente acontece, a onda de choque é tão violenta que liberta raios X. Segundo os astrónomos, o choque aumenta a temperatura do material, provocando uma espécie de incandescência, e os raios X fornecem uma nova fonte de radiação para iluminar o material. Desta forma, décadas depois da explosão, o brilho da supernova volta a aumentar.

Este processo é conhecido por ser a fonte de iluminação de remanescentes de supernova (como, por exemplo, a nebulosa do caranguejo), o que parece indicar que a SN1987A está no processo de transição de explosão de supernova para remanescente de supernova.

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Comunicado de Imprensa CfA
Artigo científico na Nature