A caminho do asteróide Vesta

1. O asteróide Vesta (NASA, ESA, UMCP, STScI, Cornell, SwRI, UCLA)
2. Sistema de propulsão iónica (NASA/JPL)
3. Recolha de dados (representação artística). (McREL)
12 setembro 2010

No final de Julho de 2011, a sonda espacial Dawn (NASA) entrará em órbita do asteróide Vesta. Não será a primeira vez que uma sonda espacial visita um asteróide, mas é a primeira vez que o encontro é com um asteróide tão grande - Vesta tem cerca de 560 quilómetros de diâmetro e contem aproximadamente 10% de toda a massa da Cintura de Asteróides.

“É um grande e rochoso objecto do tipo terrestre - mais parecido com a Lua ou Mercúrio do que os pedacinhos de rocha por onde já passamos antes”, afirma Marc Rayman, engenheiro chefe do JPL. “Por exemplo, há uma grande cratera no pólo Sul de Vesta, no seu interior, existe uma montanha que é maior do que o asteróide Eros”. Em Fevereiro de 2001, a sonda espacial NEAR - Shomaker passou muito perto do asteróide Eros.

A sonda Dawn vai orbitar Vesta durante um ano. Ao longo deste período vai estudar com detalhe o asteróide, e será a primeira sonda espacial a orbitar um objecto na Cintura de Asteróides. Posteriormente, a sonda seguirá a caminho de um outro mundo exótico e desconhecido, o planeta anão Ceres, mas esta é uma outra história a contar mais tarde.

Muitos cientistas consideram Vesta um proto-planeta. O asteróide estava em vias de se transformar num planeta quando Júpiter interrompeu este processo de crescimento. O gigante gasoso tornou-se tão grande que a sua força da gravidade impediu que o material da Cintura de Asteróides conseguisse coalescer. “Vesta pode ensinar-nos muito acerca do processo de formação de planetas”, afirma Christopher Russell (UCLA), investigador principal da missão.

A entrada da Dawn em órbita do asteróide não parece causar preocupação aos cientistas. A entrada numa trajectória de voo em torno de um objecto celeste de uma sonda espacial convencional é composta por períodos cruciais durante os quais são executadas manobras de extrema precisão. Se alguma coisa correr mal, tudo poderá estar perdido. No entanto, a sonda Dawn, com a sua suave propulsão iónica, fará uma aproximação sob a forma de lentas espirais em direcção ao alvo.

Todo o sistema de propulsão da sonda, para o seu longo percurso interplanetário, foi desenhado para se adaptar e modificar constantemente, para que quando se aproximar da vizinhança do asteróide, a sua órbita e a de Vesta acabem por ser muito semelhantes. Com apenas uma pequena mudança de trajectória, a sonda vai deixar-se capturar pela gravidade do asteróide. “Uma pequena propulsão do motor será suficiente para colocar a sonda em órbita. Será como entrar numa autoestrada com algum tráfego - é só necessária uma aceleração gradual. A sonda nem sentirá a diferença”.

As primeiras órbitas da Dawn serão altas e lentas - a sonda passará alguns dias a orbitar Vesta a altitudes superiores a 2.700 quilómetros. Depois de obter uma boa colecção de imagens e dados a alta altitude, a sonda retomará os impulsos, e a trajectória em espiral até órbitas mais baixas. Por fim instalar-se-á numa órbita a uma altitude de aproximadamente 160 quilómetros.

Pensa-se que partes da superfície do asteróide terão semelhanças com algumas características da Terra ou da Lua - com crateras e talvez vulcões. “Não estamos à espera de encontrar vulcões activos”, nota Carol Raymond, investigadora do JLP, “mas poderão existir evidências de antigos vulcões entre as crateras”.

A propósito de asteróides, o astrónomo e programador Scott Manley produziu um vídeo que mostra, em apenas 3 minutos, 30 anos de descobertas de asteróides (1980-2010). A não perder aqui.

Mais informações:
Notícia no site da NASA
Site da sonda espacial Dawn
Vídeo no Youtube