Um Fóssil Galáctico

1. – O Relógio Cósmico. (©ESO)

2. Urânio no espectro de uma estrela velha. (©ESO)

11 junho 2007

Qual a verdadeira idade das mais velhas estrelas do Universo? Para encontrar uma resposta a esta pergunta, uma equipa de astrónomos usou recentemente o VLT - Very Large Telescope (ESO) para calcular a idade da estrela HE 1523-0901.

"É muito difícil determinar com precisão a idade de uma estrela.", afirma Anna Frebel (Observatório McDonald, Texas, EUA), autora do artigo onde são apresentados os resultados deste trabalho. "É necessário medir com extrema precisão a abundância, na estrela, dos elementos radioactivos Tório e Urânio, algo que só é possível fazer com telescópios da qualidade do VLT."

A técnica usada para determinar a idade das estrelas é análoga ao método de datação por Carbono-14, que é usado na Arqueologia, para datar objectos. Para que o método de datação funcione bem, é crítica a escolha do isótopo radioactivo a usar. Ao contrário dos elementos estáveis, a abundância dos isótopos radioactivos (instáveis) diminui com o tempo. Quanto mais rápido for o decaimento (desintegração do núcleo), menor será a abundância do isótopo algum tempo depois. Isto quer dizer que maior será a diferença de abundância entre isótopos estáveis e instáveis de um mesmo elemento, o que permitirá uma determinação mais precisa da idade do objecto em causa.

No entanto, para que a técnica resulte também é necessário que o elemento radioactivo não decaia demasiadamente rápido. Convém escolher um elemento que, após milhares de milhões de anos passados ainda seja passível de detectar na estrela. Os elementos que se prestam a ser usados para datar estrelas muito velhas são o Tório e o Urânio.

Grandes quantidades de Tório e Urânio foram detectadas na estrela HE 1523-0901, que é uma estrela velha e relativamente brilhante, que foi encontrada pelo programa de observação Hamburg/ESO. Posteriormente a estrela foi observada com o instrumento UVES, que se encontra instalado no VLT, durante um total de 7.5 horas, o que permitiu aos investigadores obter um espectro da estrela muito detalhado e de alta qualidade.

Pela primeira vez o método usado para datar a estrela usou não só a informação obtida acerca dos elementos radioactivos, mas também informação relativa a 3 outros elementos: Európio, Ósmio e Irídio. Assim, o resultado obtido para a idade acaba por ser muito mais preciso. A estrela parece ter 13.2 mil milhões de anos. Como o Universo tem cerca de 13.7 mil milhões de anos, a estrela ter-se-á formado muito cedo na história da Via Láctea, que, por sua vez, se terá formado pouco tempo após o Big Bang.

Para mais informações
http://eso.org/outreach/press-rel/pr-2007/pr-23-07.html