Detectada parte da matéria em falta
Um grupo de astrónomos liderado por Taotao Fang (Dep. de Física e Astronomia, Universidade da California) juntou várias observações, levadas a cabo pelos telescópios espaciais Chandra (NASA) e XMM-Newton (ESA) e terá detectado, pela primeira vez, onde está a matéria “normal” em falta. Esta matéria em falta chama-se WHIM (sigla inglesa para Warm-Hot Intergalactic Medium, ou meio intergaláctico quente), e será uma teia de gás quente residual da formação das galáxias, mais tarde enriquecido por elementos expelidos por elas. Mas, segundo Fang, “Detectar o WHIM é extremamente difícil porque é muito difuso, e torna-se muito fácil de ver através dele”. A densidade média do WHIM é de apenas 6 protões por metro cúbico. Por comparação, o espaço interplanetário na vizinhança da Terra tem uma densidade média de 5 protões por metro cúbico. Além disso, as temperaturas associadas ao WHIM estão entre um e dez milhões de graus, o que o torna detectável apenas nos raios X. Mas com uma densidade tão baixa, a emissão do WHIM é demasiado ténue para ser detectada. Para detectar esta teia, observou-se então a emissão de raios X extremamente intensa de de um “blazar” (o núcleo de uma galáxia activa), a passar por uma zona conhecida por parede do Escultor, um enxame de galáxias a cerca de 400 milhões de anos-luz da Via Láctea. Ao atravessar o WHIM contido nesta parede, a emissão do blazar é ligeiramente absorvida, mas o suficiente para ser detectada (ver gráfico na fig.1). Não confundir matéria escura com o WHIM, já que esta é matéria luminosa normal (que compõe estrelas e planetas), detectável directamente, enquanto que a matéria escura é impossível de observar directamente. Só podemos detectar a presença de matéria escura através da sua influência gravitacional sobre o meio que a rodeia (por exemplo, através do fenómeno de lentes gravitacionais). Mais informações: |
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