Primeira observação directa do espectro de um exoplaneta

1. Imagem da estrela HR 8799 e do planeta "c". O planeta encontra-se indicado pelo circulo branco. (ESO/M. Janson)

2. Esquema de como se obteve o espectro da estrela e do planeta. (ESO/M. Janson)

15 janeiro 2010

Uma equipa liderada por Markus Janson, da Universidade de Toronto conseguiu, graças a observações efectuadas com o VLT, medir directamente o espectro de um planeta extra-solar.

"O espectro de um planeta é a sua impressão digital. Fornece informação acerca dos elementos químicos que constituem a atmosfera desse planeta", disse Markus Janson. "Com esta técnica podemos perceber melhor como se forma um planeta e no futuro, talvez nos permita até encontrar sinais da presença de vida."

A cerca de 130 anos-luz de distância, a estrela observada (HR 8799) tem 1,5 vezes a massa do Sol, mas é ainda muito jovem (cerca de 60 milhões de anos, ou 12% a idade do Sol). O planeta (HR 8799 c) é o segundo dos três planetas conhecidos neste sistema extra-solar, tem uma temperatura a rondar os 800 ºC e cerca de 10 vezes a massa de Júpiter.

O sistema é quase uma versão a uma escala maior do nosso Sistema Solar. Os 3 planetas estão a uma distância média da sua estrela de 2,3 vezes a distância ao Sol de (respectivamente) Saturno, Urano e Neptuno. Estes exoplanetas têm massas entre 7 e 10 vezes a massa de Júpiter e temperaturas entre 600 ºC e 800 ºC. O sistema tem ainda uma cintura interior análoga à cintura de asteróides, e uma cintura exterior análoga à cintura de Kuiper.

Como a estrela é milhares de vezes mais brilhante que o planeta, esta observação corresponde a, segundo Janson "detectar a composição observando a chama de uma vela, que se encontra ao lado de uma lâmpada de 300 Watts, a 2 km de distância!". A observação foi feita com o instrumento de óptica adaptativa NaCo no VLT (ESO).

A composição do planeta ainda não é totalmente conhecida, já que os modelos teóricos utilizados não conseguiram um bom ajuste aos dados. Os autores pensam que, em parte, esta diferença será devido à presença de nuvens de poeira na atmosfera. Um dos co-autores, Wolfgang Brandner disse, "precisamos de usar modelos que tenham em conta as nuvens de poeira na atmosfera, ou então temos de aceitar que a composição química é diferente do esperado".

Mais informações:
Comunicado de imprensa ESO
Artigo científico (PDF)