NGC 1350 - Um "olho" cósmico colossal

1. A galaxia NGC 1350 (©ESO)

2. Galáxias de fundo encontradas na imagem da NGC 1350 (©ESO)

18 outubro 2005

Há 85 milhões de anos os dinossauros dominavam a Terra ignorantes da sua futura extinção em massa, enquanto que os mamíferos terrestres eram criaturas pequenas e tímidas. A região dos Andes da Bolívia, o Chile e a Argentina ainda não se tinham formado e a América do Sul era um continente ilha. Há 85 milhões de anos o Sol e o Sistema Solar estavam a 60.000 anos-luz do local onde actualmente se encontram, pois o Sol completa uma órbita em torno do centro da Via Láctea a cada 200 milhões de anos.

E foi há 85 milhões de anos que num outro canto do Universo, luz abandonou a galáxia NGC 1350 para uma longa viagem através do espaço. Parte desta luz foi captada por um dos telescópios do observatório VLT (ESO), situado no monte Paranal nos andes chilenos.

A NGC 1350 foi classificada como uma galáxia Sa(r). Isto significa que a NGC 1350 é uma galáxia espiral com uma região central de grandes dimensões. No entanto, em termos de classificação morfológica, esta galáxia parece estar na fronteira entre as galáxias espirais de braços quebrados e as de "grand design" (bem desenhadas), com dois grandes braços exteriores.

Os ténues braços exteriores da NGC 1350 parecem originar no principal anel interior, e podemos acompanha-los durante cerca de meio círculo até que se encontram com o braço oposto. Juntos parecem completar um segundo anel mais exterior - o "olho". Os braços da galáxia têm uma cor azulada porque contêm uma grande quantidade de estrelas jovens e de grande massa. A poeira que vemos em pequenos fragmentos na região central da galáxia parece produzir um padrão que se assemelha a vasos sanguíneos no olho. É nas regiões onde existem as maiores concentrações de poeira que nascem as estrelas.

As regiões exteriores da galáxia são tão ténues, que é possível observar num segundo plano da imagem uma série de outras galáxias. Estas fornecem aos astrónomos uma importante noção de profundidade. É realmente impressionante que em apenas 16 minutos o VLT tenha sido capaz de recolher tanta informação acerca destes pequenos e distantes universos "ilha". Na figura 2 podemos ver algumas destas galáxias, que provavelmente se encontram a milhares de milhões de anos-luz de distância. A luz proveniente destas galáxias e agora captada foi emitida numa época em que o Sol e a Terra ainda não existiam.

A NGC 1350 encontra-se na direcção da constelação austral Fornax (o Forno), mas não parece fazer parte do enxame de galáxias com o mesmo nome, que se encontra a 65 milhões de anos-luz de distância e do qual faz parte a famosa galáxia espiral barrada NGC 1365. A NGC 1365 galáxia tem cerca de 130.000 anos-luz de diâmetro, ou seja, é ligeiramente maior que a Via Láctea cujo diâmetro é de 100.000 anos-luz.

Informações adicionais
http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2005/phot-31-05.html