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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
25 agosto 2006

A União Astronómica Internacional (IAU) encerrou hoje a sua XXVI Assembleia Geral na cidade de Praga. Na sessão final da reunião foram a votos 4 resoluções (2 foram aprovadas) cujo principal objectivo era definir o conceito de planeta.

Depois de uma longa discussão e várias alterações à proposta inicialmente apresentada, o aprovado define como planeta do Sistema Solar o corpo celeste que:

  • orbite em torno do Sol;
  • tenha massa suficiente para que a sua própria gravidade lhe confira uma forma esférica;
  • tenha "limpo" da sua órbita qualquer outro objecto.

O Sistema Solar passa assim a ter 8 planetas: Mercúrio, Vénus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno.

Foi igualmente aprovada a criação de uma nova de categoria de planetas: os planetas anões. Um planeta anão do Sistema Solar será um corpo celeste que:

  • orbite em torno do Sol;
  • tenha massa suficiente para que a sua própria gravidade lhe confira uma forma esférica;
  • não tenha uma órbita "limpa" sem outros objectos na sua vizinhança;
  • não seja um satélite.

Plutão passa então a pertencer a esta nova classe de planetas. Desta nova classe fazem também parte Ceres (que se encontra na cintura de asteróides entre Marte e Júpiter), Caronte e o 2003 UB313. Mais planetas anões serão, com o tempo, acrescentados a esta lista.

Os restantes objectos que orbitam o Sol passam a ser designados como pequenos corpos do Sistema Solar. Os asteróides e a maior parte dos objectos trans-neptunianos fazem parte deste grupo.

Mas porque foi necessária esta alteração? Bem, há vários anos que a classificação de Plutão como planeta principal do Sistema Solar é contestada pelos astrónomos. Ele está muito longe do Sol - 40 vezes mais longe do que a Terra, ou seja encontra-se a 6 mil milhões de quilómetros da nossa estrela - e é bem mais pequeno do que qualquer um dos outros planetas "tradicionais". Com apenas 2.360 quilómetros de diâmetro, Plutão é mais pequeno do que algumas luas do Sistema Solar, e a sua órbita em torno do Sol (de 247.9 anos) é muito inclinada quando comparada com a dos outros planetas maiores.

A somar a estes factos, desde 1990 que se encontraram uma série de outros objectos, com uma dimensão comparável há de Plutão, numa região exterior do Sistema Solar conhecida como Cintura de Kuiper. A partir deste momento muitos astrónomos começaram a afirmar que Plutão seria melhor classificado como membro desta população de pequenos mundos gelados e não como planeta principal do Sistema Solar.

O ponto mais crítico de toda esta discussão acaba por acontecer aquando da descoberta em há 3 anos atrás do 2003 UB313. Resultados obtidos com o Telescópio Espacial Hubble revelaram que o 2003 UB313 terá 3.000 quilómetros de diâmetro, ou seja, é maior do que Plutão.

Todos estes factos vieram então impulsionar esta decisão de alterar e actualizar o conceito do que podemos chamar de planeta. Assim, o 2003 UB313 junta-se a Plutão ao ser colocado na categoria de planeta anão. Ao mesmo grupo também se junta Caronte (a maior lua de Plutão) e o maior asteróide do Sistema Solar, Ceres.

A caminho de Plutão, com o objectivo de estudar as regiões mais longínquas do Sistema Solar, segue a sonda espacial norte-americana New Horizonts. Ela deixou a Terra em Fevereiro de 2006 e chegará a Plutão em 2015.

Para mais informações
http://www.iau2006.org/mirror/www.iau.org/iau0603/index.html

1. O “novo” Sistema Solar. (©IAU/Martin Kornmesser)
2. Um dos momentos da votação. (©IAU/Lars Holm Nielsen)
3. Plutão e Caronte vistos pelo Telescópio Hubble (©ESA/NASA)
4. Mosaico do Sistema Solar. (©NASA)