Mapa do Site
Contactos
Siga-nos no Facebook Siga-nos no Twitter Canal YouTube
Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
9 junho 2011

Desde que explodiu em 1987, esta supernova diminuiu gradualmente o seu brilho, atingindo um mínimo em 2001. Recorrendo a dados de vários observatórios, como o Telescópio Espacial Hubble (ESA/NASA), o VLT (ESO) e o observatório de raios X Chandra (NASA), uma equipa multinacional de astrónomos detetou que o brilho está aumentar. A descoberta, publicada no último número da revista Nature, aponta para que o brilho tenha aumentado quase para o dobro entre 2001 e 2009.

Situada na Grande Nuvem de Magalhães (uma das galáxias satélite da Via Láctea), a SN 1987A encontra-se a apenas 160 mil anos-luz de nós, o que a torna uma das supernovas mais próximas. Isso possibilita aos nossos telescópios detetarem pormenores praticamente impossíveis de ver noutras supernovas distantes.

Robert Kirshner (CfA), um dos autores do artigo, comentou que: “Só é possível ver este aumento de brilho na SN 1987A porque ela está tão próxima e porque o Hubble tem uma visão tão precisa”.

A história desta supernova começa cerca de 20 mil anos antes da explosão quando, nos estágios finais da sua vida, a estrela que lhe deu origem ejetou material para o espaço. Este material foi-se expandindo, formando um disco à volta da estrela.

Quando a estrela explodiu, a radiação libertada, altamente energética e rápida, colidiu com o disco, iluminando-o. Essa radiação, produzida pelos elementos radioativos criados na explosão (essencialmente 44Ti, 56Ni e 57Ni), é a principal fonte do brilho de uma supernova, mas decai com o tempo, o que provoca uma diminuição do brilho.

No entanto, o material que compunha a estrela é também expelido durante a explosão, e mais lentamente vai alcançando o disco. Quando isso finalmente acontece, a onda de choque é tão violenta que liberta raios X. Segundo os astrónomos, o choque aumenta a temperatura do material, provocando uma espécie de incandescência, e os raios X fornecem uma nova fonte de radiação para iluminar o material. Desta forma, décadas depois da explosão, o brilho da supernova volta a aumentar.

Este processo é conhecido por ser a fonte de iluminação de remanescentes de supernova (como, por exemplo, a nebulosa do caranguejo), o que parece indicar que a SN1987A está no processo de transição de explosão de supernova para remanescente de supernova.

Mais informações
Comunicado de Imprensa CfA
Artigo científico na Nature

1. Imagem da SN 1987A, obtida pelo telescópio espacial Hubble. [ESA/NASA/ Pete Challis (CfA)]
2. Imagens do brilho da SN 1987A ao longo dos anos. (J Larsson et al.)
3. Gráfico com o fluxo da SN 1987A. (J Larsson et al.)