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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
2 março 2011

Todos os dias, cerca de 100 toneladas de meteoroides passam na atmosfera da Terra. Se durante uma noite sem nuvens, olhar para o céu noturno, durante uma meia hora, é provável que veja um destes meteoros ou mesmo uma bola de fogo (fireball) a cruzar o céu. No entanto, não se sabe exatamente de onde vem todo este material.

Será que aquele meteoro que viu passar veio da cintura de asteroides, será que é uma poeira deixada por um cometa, será que é um pedaço de lixo espacial?

O departamento da NASA dedicado aos meteoroides, o NASA-MEO, está a tentar responder a estas questões usando grupos de câmaras de vídeo que funcionam em rede para triangular e acompanhar as trajetórias dos meteoros. “Com este sistema seremos capazes de registar cada grande meteoroide e fireball que entre na atmosfera em alguns locais dos EUA”, afirma William Cooke, chefe do NASA-MEO.

Esta rede de deteção de meteoros é diferentes das já existentes pois usa um software desenvolvido pela Universidade de Western Ontario e pela NASA para processar a informação e assim determinar as órbitas e mesmo a origem das fireball. As primeiras três câmaras da rede já estão a funcionar e a equipa terá em breve 15 câmaras a operar a este do rio Mississipi, com planos de expansão a todo o país. Escolas, Centros de Ciência e Planetários nos EUA poderão receber estas câmaras se assim o quiserem, basta que tenham um bom local para as colocar.

O sistema também é capaz de fornecer informação sobre a velocidade do meteoro em função do seu tamanho, o que é importante, por exemplo, para calibrar modelos que são usados na construção de sondas espaciais. Ao determinar a trajetória através da atmosfera, o software consegue calcular se o meteorito cairá na Terra e prever o local de impacto. Mas as oportunidades de realmente conseguir recolher um meteorito serão raras, pois a maior parte cai no mar ou em lagos, florestas ou na Antártica.

Cooke sugere ainda, a todos os que queiram observar meteoritos nos locais onde habitam que façam o seguinte: “Numa noite de céu limpo, deitem-se de costas a olhar para o céu noturno. Os nossos olhos levam 30 a 40 minutos a habituarem-se à escuridão, portanto, seja paciente. Ao olhar diretamente para cima poderá até ver meteoros a passar com a visão periférica. Não precisa de nenhum equipamento especial, basta olhar”.

Glossário:
Chuva de Meteoros - Grupo de meteoros com trajetórias aproximadamente paralelas. Os meteoros que pertencem a uma mesma chuva parecem ter origem no mesmo radiante;
Fireball (ou Bola de Fogo) - meteoro brilhante com uma magnitude visual aparente de -4 mag ou ainda mais brilhante;
Magnitude Visual Aparente - Valor dado ao brilho de um objeto celeste observado a partir da superfície da Terra. Quanto menor o valor da magnitude visual aparente mais brilhante é o objeto. A magnitude visual aparente do Sol é -26,74 mag; da Lua Cheia -12,74; de Sirius (estrela mais brilhante do céu noturno) -1,47; da estrela Polar 1,97;
Meteorito - Objeto não artificial de origem extraterrestre (meteoroide) que consegue passar através da atmosfera e chegar à superfície terrestre;
Meteoro - fenómeno luminoso que resulta da entrada na atmosfera da Terra de uma partícula sólida proveniente do espaço;
Meteoroide - Objeto sólido que se move no espaço interplanetário, com uma dimensão muito menor do que um asteroide mas consideravelmente maior do que um átomo ou uma molécula;
Radiante - O ponto no céu de onde parecem surgir os meteoros de uma chuva de meteoros específica.

Para mais informações:
NASA Science News
NASA MEO
International Meteor Organization

1. Fireball registada pelas câmaras em julho de 2010 durante a chuva de meteoros Delta Aquarídea do Sul. (NASA)
2. A órbita do meteoro da Delta Aquarídea do Sul. (NASA)
3. As câmaras também captam outras imagens para além de fireball... (NASA)