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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
9 abril 2010

Situado a cerca de 2000 anos-luz da Terra, Epsilon Aurigae é um dos mais misteriosos binários de eclipse que se conhecem. Descoberto em 1820, cedo se observou que a estrela principal (uma supergigante amarela, com cerca de 135 vezes o diâmetro do Sol), apresentava diminuições de luminosidade até 50%, que duravam um ano e meio, e que se repetiam a cada 27,1 anos.

A grande questão que confundiu astrónomos durante quase dois séculos era a natureza exacta da companheira que provoca o eclipse. Várias hipóteses foram sendo apresentadas, desde uma Nebulosa esférica semi-opaca, a um disco espesso de perfil, a um buraco negro envolvido por um disco não muito espesso.

Para obter a primeira imagem directa do objecto, foi necessário usar o interferómetro CHARA (Center for High Angular Resolution Astronomy, ou centro de astronomia de alta resolução angular), que combinou 4 telescópios de 1m de diâmetro num único telescópio virtual.

As recentes observações obtidas em Novembro e Dezembro do ano passado (ver fig.2), mostram o avanço do objecto. Estas apontam para a presença de um disco fino, composto apenas por poeira (a uma temperatura de cerca de 300º C), que está ligeiramente inclinado, e com uma estrela quente (por volta de 15 000º C) no centro.

Uma das perguntas ainda sem resposta acerca deste binário é se existe ou não uma abertura no centro do disco. Para a responder, é necessário esperar mais alguns meses, quando o centro do disco deverá passar em frente da estrela eclipsada.

Estas descobertas foram publicadas na edição de ontem da revista Nature.

Notas:
Interferometria é uma técnica, usada há decadas em radio-astronomia, e que assenta na natureza ondulatória da luz. Consiste em combinar (ou interferir) a luz do mesmo objecto, proveniente de telescópios a distâncias diferentes, de modo a obter uma resolução superior à de um único telescópio. Na prática, funciona como um telescópio virtual, com um diâmetro virtual correspondente à maior distância entre os telescópios individuais. O maior interferómetro óptico da actualidade é o VLTI (ESO).

Mais informações:
Artígo científico na Nature

1. Localização da estrela Epsilon Aurigae no céu. (Stellarium)
2. Imagem do disco de acreção que eclipsa a estrela principal. (Kloppenborg, et al.)
3. Imagem artística do binário de eclipse (NASA/JPL - CalTech)