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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
27 outubro 2005

O instrumento de óptica adaptativa NACO, instalado num dos telescópios do observatório VLT (ESO), obteve imagens no infravermelho próximo da galáxia activa NGC 1097. O detalhe notável destas imagens mostram uma complexa rede de filamentos na estrutura em espiral que vai desde as bordas da galáxia até ao seu centro.

Localizada a cerca de 45 milhões de anos-luz de distância na direcção da constelação de Fornax (o Forno), a galáxia NGC 1097 é uma espiral barrada relativamente brilhante, com uma magnitude de 9.5. A olho nu podemos observar objectos até uma magnitude de 6.

A NGC 1097 é um exemplo, embora moderado, de uma galáxia activa ou AGN (Active Galactive Nucleus), cuja emissão parece ter origem na energia libertada pelo material (gás e estrelas) que precipita em direcção ao buraco negro central. No entanto, a região central desta galáxia não é muito activa, o que parece indicar que o seu buraco negro poderá estar de "dieta": somente uma pequena quantidade de gás e estrelas está a ser "engolida" pelo buraco negro.

Há muito que os astrónomos tentam compreender como a matéria se comporta na vizinhança de um buraco negro e como para ele converge. Mas observar o fenómeno "em directo" é complicado, sendo necessário uma grande resolução espacial da região central das galáxias. Este tipo de resolução só se consegue obter através de técnicas de interferometria, do qual é exemplo a imagem da também galáxia activa NGC 1068, obtida com o instrumento MIDI (VLTI), ou através da óptica adaptativa. As imagens da NGC 1097 agora obtidas através de óptica adaptativa têm uma resolução de 0.15 segundos de arco, o que corresponde a cerca de 30 anos-luz de diâmetro (8 vezes a distância entre o Sol e a estrela Proxima Centauri).

Como podemos ver na fig.1 (imagem obtida o ano passado da NGC 1097) a galáxia apresenta uma proeminente barra, no interior da qual existe um anel onde existem diversas regiões de formação estelar. Na região interior a este anel existe uma segunda barra que atravessa o núcleo de forma perpendicular à primeira barra. Nas novas imagens foram detectadas umas adicionais 300 regiões de formação estelar, o que é 4 vezes mais do que se conseguia observar há um ano atrás. Estas regiões HII são os pequenos pontos brancos que vemos na fig. 2.

O núcleo da galáxia encontra-se no centro do anel. Os detalhes do núcleo e da sua vizinhança são difíceis de perceber pois são ofuscados pela luminosidade global das estrelas da galáxia. No entanto, este problema pode ser contornado se à imagem for aplicada uma máscara que elimine essa luminosidade. Fazendo isto é possível observar uma complexa rede de estruturas que converge até ao centro da NGC 1097.

O padrão espiral que podemos encontrar nos 300 anos-luz mais interiores da galáxia parece confirmar a persença de um buraco negro super massivo no centro da galáxia. Um buraco negro com estas características faz com que a forma em espiral se intensifique à medida que a distância até ao centro diminui. Se o buraco negro super massivo não existisse, então a estrutura em espiral seria dissipada na região central.

Informações adicionais
http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2005/phot-33-05.html

1. A galaxia NGC 1097 (©ESO)
2. O centro da galáxia activa NGC 1097 (©ESO)
3. Rede de estruturas filamentares na NGC 1097 (©ESO)