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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
13 novembro 2006

A vizinhança da Via Láctea foi alvo de um grande programa de observação levado a cabo com o VLT (ESO). Os resultados das observações vêm agora por em causa algumas das teorias sobre a formação e passado da nossa galáxia.

O estudo tem por base a determinação da composição química de 2.000 estrelas que se encontram em 4 diferentes galáxias vizinhas da Via Láctea. "A composição química destas estrelas não é consistente com os actuais modelos cosmológicos", afirmou Amina Helmi do Instituto Astronómico Kapteyn (Groningen, Holanda), autora principal do artigo onde os resultados das observações são apresentados. "Este estudo mostra que há ainda muito para a prender acerca da astronomia dos nossos vizinhos."

A Via Láctea encontra-se rodeada por diversas galáxias anãs, que por causa da sua forma arredondada são denominadas anãs esferóides. Estas galáxias são pouco luminosas e difusas - são milhares de vezes menos brilhantes do que a Via Láctea. Os actuais modelos cosmológicos prevêem a formação em primeiro lugar de galáxias de pequena dimensão, que mais tarde se combinam, dando origem a galáxias maiores (como a Via Láctea). Como os elementos mais pesados (metais) são sintetizados no interior das estrelas o Universo inicialmente teria apenas Hidrogénio e Hélio. Assim, as galáxias anãs deveriam conter uma pequena quantidade de metais. No entanto, não é isso o que se verifica.

Helmi e os seus colegas, que se encontram distribuídos por 9 diferentes países, usaram o espectrógrafo FLAMES do VLT para realizar o programa observacional DART - Dwarf galaxies Abundances and Radial-velocities Team. O alvo foram mais de 2.000 estrelas gigantes pertencentes a 4 anãs esferóides vizinhas da Via Láctea cujo nome provém da constelação na qual se encontram: Fornax (Fornalha), Escultor, Sextante e Carina (Quilha).

Os dados obtidos revelaram a existência de uma diferença significativa na composição química das estrelas das galáxias quando comparadas com as estrelas do halo da Via Láctea (que são as estrelas mais velhas da nossa galáxias). O que põe em causa a teoria de formação que afirma que os halos das grandes galáxias se formam por fusão de galáxias mais pequenas.

Enquanto que a abundância média de elementos nas galáxias anãs é comparável há do halo galáctico, as galáxias anãs têm um número de estrelas com poucos metais muito menor ao que era esperado. Estas estrelas são também poucas quando comparadas com as do mesmo tipo e que existem na Via Láctea. Assim, os dois sistemas, ao contrário do que afirmam as previsões teóricas têm essencialmente uma origem diferente.

"Os nossos resultados anulam a teoria da fusão de galáxias como o mecanismo que deu origem ao halo galáctico.", afirmou Helmi. "Estudos mais detalhados acerca da composição química são necessários para percebermos o que aconteceu no passado, para percebermos como se formou a nossa galáxia."

Para mais informações
http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2006/pr-41-06.html

1. A abundância de Ferro nas galáxias anãs. (©FLAMES/VLT - ESO) 2. FLAMES – O espectrógrafo de alta resolução do VLT. (©ESO)