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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
4 setembro 2006

Pela primeira vez, um grupo de cientistas, conseguiu "apanhar" uma supernova no momento em que explodiu. Este facto inédito, foi conseguido usando os esforços combinados do observatório espacial Swift (NASA/PPARC/ASI), e de observatórios terrestres como o VLT - Very Large Telescope (ESO).

O evento, detectado a 18 de Fevereiro de 2006 pelo Swift, foi classificado pela NASA como sendo uma explosão de raios-gama (GRBs) fora do comum, pois foi 100 vezes mais demorada (cerca de 2000 segundos) e encontra-se 25 vezes mais próxima (a 440 milhões de anos-luz de distância) do que os GRBs normalmente detectados. Uma cuidada análise do fenómeno, levada a cabo noutros comprimentos de onda para além dos raios-gama, veio agora revelar a verdadeira natureza do evento.

A explosão inicial, sob a forma de um jacto de raios-X extremamente energético que teve origem no núcleo de uma estrela moribunda, conseguiu atravessá-la acabando por se tornar num "aviso" de que a explosão da estrela, como uma supernova, estaria eminente. E realmente, uma supernova, foi detectada neste local alguns dias depois. "Normalmente as supernovas são descobertas no óptico, após a explosão ter tido lugar e quando os detritos da estrela se espalham o suficiente para que a radiação visível consiga passar, o que por vezes acontece após vários dias", afirmou Neil Gehrels, investigador principal do Swift no Centro Espacial Goddard da NASA (Greenbelt, EUA).

Uma equipa de investigadores liderada por Sergio Campana, do Instituto Nacional Italiano para a Astrofísica (Milão, Itália), usou os 3 telescópios do Swift para observar a separação da estrela. Os cientistas detectaram a radiação raios-X a ficar menos energética - passando a radiação ultravioleta e visível - o que é prova que a onda de choque se propagou arrastando o material da estrela para o meio circundante.

Uma segunda equipa, liderada por Alicia Soderberg, estudante do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Passadena, EUA), observou o evento com o radio-telescópio VLBA - Very Long Array - e com o observatório de raios-X Chandra (NASA). Esta equipa determinou que a explosão, agora melhor descrita como sendo um flash de raios-X, representa um evento que é cerca de 10 vezes mais comum do que um GRBs.

Enquanto que um GRBs parece marcar o nascimento de um buraco negro, uma detecção deste tipo flash de raios-X estará associada a uma supernova que deixa atrás de si uma estrela de neutrões. Este segundo grupo de investigadores e um outro, independente, liderado por Paolo Mazzali, do Instituto Max Planck de Astrofísica (Garching, Alemanha), postularam que o evento de 18 de Fevereiro terá produzido um tipo de estrela de neutrões extremamente magnético uma magneto-estrela.

Detalhes acerca da composição química desta estrela estão ainda a ser analisados. O grupo de Mazzali sugere, inclusive, a promoção de uma nova classificação de supernovas, que seria designadas como do Tipo Ic/d, porque as suas características são diferentes das restantes até agora conhecidas.

Um grupo liderado por Elena Pian, também do Instituto Nacional Italiano para a Astrofísica, confirmou que o evento, designado como GRB 060218 ou XRF 060218, estava relacionado com uma supernova, entretanto denominada SN 2006aj, que foi detectada alguns dias depois. Porque o evento está tão "próximo", os cientistas esperam descobrir quais as especiais características de uma estrela - massa ou magnetismo, por exemplo - que a levam, no final da sua vida, a produzir um GRBs e buraco negro ou um flash de raios-X e uma estrela de neutrões.

Para mais informações
http://swift.gsfc.nasa.gov/docs/swift/news/2006/06-72.html

1. A região em volta da SN 2006aj. (©DSS2 e FORS/VLT) 2. O observatório espacial Swift. (©Spectrum e NASA E/PO, Sonoma State University, Aurore Simonnet)