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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
18 maio 2006

A bonita galáxia espiral que vemos, de perfil, na figura 1, encontra-se na direcção da constelação de Leão, a cerca de 70 milhões de anos-luz de distância.

A galáxia NGC 3190 é a galáxia dominante de um grupo de pequenas galáxias conhecido como Hickson 44, em honra do astrónomo canadiano Paul Hickson. Para além da NGC 3190, o Hickson 44 é composto por uma galáxia elíptica e duas outras galáxias espirais, que não surgem na imagem.

Em 1982, Hickson publicou um catálogo com mais de 400 galáxias encontradas em grupos compactos, fisicamente ligados e com, tipicamente, 4 a 5 elementos. Um exemplo destes grupos é o famoso Quarteto de Robert. Estes grupos compactos de galáxias são ideais para estudar a influência dinâmica que as galáxias exercem umas sobre as outras , permitindo aos astrónomos o teste e desenvolvimento de modelos de evolução e formação de galáxias. Umas das teorias actuais é que a fusão de galáxias em grupos semelhantes ao Hickson 44 dá origem a galáxias elípticas gigantes, de que é exemplo a galáxia NGC 1316.

São claramente visíveis na imagem da NGC 3190 sinais de interacção e os resultados de forças de maré na sua faixa ondulada de poeira. Esta distorção inicialmente enganou os astrónomos, levando-os a designar esta porção da galáxia (lado sudoeste) como NGC 3189. A NGC 3190 tem um Núcleo Galáctico Activo (Active Galactic Nucleus - AGN), e por isso, o seu compacto e brilhante núcleo alberga um buraco negro supermassivo.

Em Março de 2002, a supernova SN 2002bo foi detectada entre o "V" das faixas de poeira na região sudeste da galáxia. Esta supernova foi descoberta de forma independente por dois astrónomos amadores - o brasileiro Paulo Cacella e o japonês Yoji Hirose. A SN 2002bo foi detectada cerca de 2 semanas antes de atingir a sua luminosidade máxima, o que permitiu aos astrónomos acompanhar a sua evolução. Desde então, ela tem sido observada por diferentes telescópios, espalhados um pouco por todo o mundo. A conclusão destas observações parece apontar para que a SN 2002bo seja um género raro de supernova do tipo Ia. Na imagem, que foi obtida em Março de 2003, vemos a supernova um ano depois de ter atingido a sua luminosidade máxima. Por essa altura a supernova estava cerca de 50 vezes mais brilhante.

Ao observar a SN 2002bo, em Março de 2002, um grupo de astrónomos italianos, detectou, num outro local da NGC 3190, uma outra supernova, então denominada SN 2002cv. O surgimento, quase simultâneo, de duas supernovas do mesmo tipo, na mesma galáxia é algo raro. Seria de esperar um único evento deste tipo, por século, numa mesma galáxia. Por se encontrar envolta pela poeira da NGC 3190, a SN 2002cv é melhor observada em radiação infravermelha.

As supernovas do tipo Ia resultam da explosão de estrelas velhas - as anãs brancas - que são a fase final de estrelas de pequena massa, semelhantes ao Sol. No entanto, uma anã branca só explode se a sua massa atingir um valor crítico - cerca de 1.4 vezes a massa do Sol. É de consenso geral que esta massa crítica só é atingida se a anã branca tiver uma estrela companheira, da qual vai acretando matéria até chegar ao valor crítico para a massa. As suas propriedades e características uniformes, fazem das supernovas do tipo Ia um método fiável na determinação de distâncias, que ajudam a perceber se o Universo está a acelerar.

Para mais informações
http://www.eso.org/outreach/press-rel/pr-2006/pr-17-06.html

1. A NGC 3190 em Março de 2003. (©FORS1/VLT - ESO) 2. A posição das supernovas SN2002bo e SN2002cv na imagem da galáxia NGC 3190. (©FORS1/VLT - ESO)