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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
16 março 2011

A sonda da NASA MESSENGER prepara-se para entrar em órbita de Mercúrio às 00h45m (Portugal Continental) do dia 18 de março de 2011 (6ª-feira). É a primeira vez que uma sonda espacial entra em órbita daquele que é o planeta mais próximo do Sol.

Mas porque é que só agora, em 2011, se chega realmente a Mercúrio, que é um dos planetas mais próximos da Terra? Jim McAdams, um dos engenheiros responsáveis pela missão explica: “Mercúrio tem uma velocidade muito superior à da Terra, pelo que uma sonda espacial tem de adquirir uma velocidade superior a 104.000 quilómetros por hora só para o “apanhar”, e uma vez lá também é preciso ter em conta o calor proveniente do Sol”.

A sonda Mariner 10 passou perto de Mercúrio em 1974 e em 1975. Efetuou dois voos rasantes - flyby’s - a própria sonda MESSENGER também já passou por Mercúrio em 2008 e em 2009. No entanto, até agora, nenhuma sonda entrou em órbita do que é, até ao momento, o menos explorado planeta do Sistema Solar.

Porque é o planeta mais próximo do Sol, Mercúrio está sujeito a uma poderosa força de gravidade, além disso, orbita o Sol a uma velocidade média de 170 503 quilómetros por hora. Mercúrio completa uma translação ao Sol em apenas três meses. “Para chegar a Mercúrio, a MESSENGER teve de ganhar velocidade, o que é um grande desafio para os sistemas de propulsão que usamos. Mas Chen-wan Yen, engenheiro do JPL desenvolveu uma engenhosa e hábil trajetória - ideal para ganhar velocidade - que usou a gravidade da Terra, Vénus e Mercúrio, para levar a sonda ao seu destino.”, afirmou McAdams.

O resultado de tão intrincada e longa viagem foram uma passagem pela Terra - um ano após o lançamento, que ocorreu a 3 de agosto de 2004 - duas por Vénus e três por Mercúrio. Em resumo, mais de 7 800 000 000 quilómetros percorridos. “A cada voo rasante efetuado pela MESSENGER, a sua velocidade relativamente ao Sol aumentava, enquanto que a sua velocidade relativamente a Mercúrio diminuía”, explica McAdams.

À espera da MESSENGER está um ambiente hostil e temperaturas muito elevadas. A temperatura da superfície, na região do equador de Mercúrio, pode chegar aos 450 graus Celsius. O Sol é 11 vezes mais brilhante em Mercúrio do que na Terra. “Resolvemos este problema com a ajuda de um grande “guarda-sol” feito com um tecido cerâmico que consegue suportar o calor e proteger toda a sonda”, esclareceu o investigador Sean Solomon. “A missão foi pensada de forma a limitar o tempo que a nave fica por cima das regiões mais quentes de Mercúrio”.

Os investigadores estão ansiosos por receber as imagens e dados que a MESSENGER vai recolher, para assim descobrir os mistérios de Mercúrio. Este planeta tem a exosfera mais ativa do Sistema Solar; um surpreendente campo magnético que há anos intriga os cientistas; um núcleo que compõe cerca de 60% da massa do planeta e que será parcialmente líquido; e uma superfície recheada de crateras, fraturas e escarpas.

Poderá acompanhar a entrada da MESSENGER na órbita de Mercúrio através da transmissão online. Veja aqui.

Nota
MESSENGER - MErcury Surface, Space ENvironment, GEochemistry and Ranging spacecraft

Para mais informações
NASA Science News
MESSENGER
Animação que mostra as manobras da sonda MESSENGER para intersetar a órbita de Mercúrio.

1. Mercúrio, visto pela MESSENGER durante a primeira passagem da sonda pelo planeta a 14 de janeiro de 2008 (NASA) 2. Imagem artística que nos mostra a sonda MESSENGER e a superfície de Mercúrio (NASA)