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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
2 novembro 2005

A remanescente de supernova N132D foi recentemente observada pelo Telescópio Espacial Hubble (NASA/ESA) e pelo Observatório de Raios-X Chandra (NASA). A figura 1 mostra os resultados destas observações. O gás que compõe esta remanescente foi ejectado para o espaço há cerca de 3.000 anos, pela explosão de uma estrela de grandes dimensões. Esta titânica explosão ocorreu na galáxia vizinha da Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães.

A colisão entre a onda de choque supersónica, que teve origem na explosão da estrela, e o gás do meio interestelar da Grande Nuvem de Magalhães deu origem à complexa estrutura da N132D. No interior da remanescente podemos encontrar uma nuvem com forma de crescente e com uma emissão de cor rosa, produzida pelo hidrogénio que ali se encontra. A cor púrpura, correponde a regiões onde existe mais oxigênio. Na imagem obtida pelo Hubble é visível um fundo de estrelas coloridas, também elas parte da Grande Nuvem de Magalhães.

Os dados do Chandra mostram que a imensa nuvem de gás com forma de ferradura, que se encontra na região mais à esquerda da remanescente, emite radiação raios-X. Para emitir energia nesta banda, o gás terá de ter uma temperatura na ordem dos 10 milhões de graus Celsius. A onda de choque gerada pela supernova viaja a uma velocidade de 2.000 quilómetros por segundo, e continua a expandir-se pelo meio interestelar. A região da frente de onda, onde o material da supernova colide com o ambiente interestelar da Grande Nuvem de Magalhães, é responsável pelas altas temperaturas.

Estima-se que a estrela que explodiu como supernova e produziu a N132D seria 10 a 15 vezes maior que o Sol. À medida que o material ejectado pela explosão colide com o frio meio envolvente, o complexo sistema de ondas de choque vai sendo desenhado.

Uma remanescente de supernova como a N132D é uma oportunidade rara para observar material estelar que ainda recentemente se encontrava no interior de uma estrela. Deste modo, os astrónomos podem obter informação importante acerca dos processos que envolvem a evolução estelar e a produção de elementos químicos, como o oxigênio, que tem lugar no núcleo das estrelas. Observações deste tipo ajudam a perceber como o meio interestelar é enriquecido com elementos químicos após a explosão de supernovas. Este material mais tarde será incorporado numa nova geração de estrelas e possivelmente em sistemas planetários.

Visível a olho nu nos céus austrais, a Grande Nuvem de Magalhães é uma galáxia irregular que se encontra a 160.000 anos-luz da Via Láctea. A remanescente de supernova parece ter 3.000 anos, mas uma vez que a sua luz levou 160.000 anos até chegar até nós, a explosão terá ocorrido há 163.000 anos atrás.

Informações adicionais
http://hubblesite.org/newscenter/newsdesk/archive/releases/2005/30/

A remanescente de supernova N132D (©NASA, ESA)