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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
28 abril 2010

O satélite da NASA Solar Dynamics Observatory (SDO) foi lançado a 11 de Fevereiro de 2010. Passou os últimos dois meses a posicionar-se numa órbita geo-síncrona e a inicializar os seus diversos instrumentos.

Após ter começado a funcionar, o SDO enviou as suas primeiras imagens para a Terra. Uma das imagens enviadas foi a de uma proeminência solar, fotografada a 30 de Março de 2010. "Já vimos proeminências solares antes, mas nunca assim., afirmou Alan Title, da Lockheed Martin, investigador chefe da Atmospheric Imaging Assembly (AIA), que é a antena principal do observatório. "Alguns dos meus colegas disseram-me que aprenderam coisas novas acerca de proeminências só ao verem este novo vídeo".

O SDO é a primeira missão do programa da NASA "Living with a Star" (LWS). O objectivo deste programa é compreender o Sol como uma estrela variável magnética e perceber qual o seu real impacto na vida da Terra. A cientista Lika Guhathakurta (NASA), do programa LWS prevê grandes descobertas no futuro do SDO: "O SDO é o nosso ‘Hubble para o Sol’. Promete transformar a física solar, da mesma forma que o Hubble transformou a Astronomia e a Cosmologia".

"Nunca antes um telescópio solar conseguiu combinar desta forma uma resolução espacial, temporal e espectral. Isto é possível graças ao CCD de 4096 x 4096 píxel do observatório.", acrescentou Title. Uma das novidades do SDO é a sua visão "big picture". O SDO é capaz de observar não apenas regiões pequenas do Sol, mas todo o disco, atmosfera, superfície, e mesmo o interior.

Um exemplo daquilo que o SDO é capaz de fazer fica bem ilustrado se olharmos para o que aconteceu no dia 8 de Abril: com o SDO a observar, a já decadente mancha solar 1060, libertou uma flare solar de classe B3. A onda de choque libertada no local da explosão propagou-se pela superfície do Sol. As imagens do SDO mostram claramente os arcos magnéticos e outras estruturas a moverem-se de um lado para o outro à medida que eram atingidos pela onda. Depois, a onda desapareceu no horizonte do Sol. No entanto, o espectáculo não tinha ainda terminado: quatro horas depois da explosão inicial, e a uma distância de 200 000 quilómetros, uma grande proeminência irrompe. Coincidência? Não de acordo com Title: "A onda atravessou a superfície do Sol, alterando os campos magnéticos estáveis que encontrava pelo caminho. Penso que a base magnética da proeminência foi perturbada pela onda, o que levou à erupção".

Um outro instrumento importante é o Helioseismic Magnetic Imager (HMI), que foi preparado para observar o interior do Sol, usando para tal técnicas de heliosismologia. Da mesma forma que os geólogos usam ondas sísmicas para conhecer o interior da Terra, os físicos solares podem usar ondas acústicas para conhecer o interior da nossa estrela. No Sol, as ondas acústicas são geradas pelos próprios movimentos internos da estrela. O HMI detecta as ondas que puxam a superfície do Sol de um lado para o outro, para cima e para baixo, revelando – de forma indirecta – o que se passa no interior.

A Extreme UV Variability Experiment (EVE) também se encontra operacional. O EVE observa o Sol na banda do ultravioleta extremo do espectro electromagnético. Nesta gama de comprimentos de onda, a intensidade do Sol pode aumentar e diminuir por um factor de 100, quase que num instante. Estes acontecimentos podem levar ao aquecimento e mesmo ao "aumento" da região superior da atmosfera terrestre, o que pode ter consequências negativas para os satélites que se encontra em órbita da Terra.

Para mais informações:
http://science.nasa.gov/science-news/science-at-nasa/2010/21apr_firstligh/
http://sdo.gsfc.nasa.gov/firstlight/

1. Proeminência observada a 30 de Março de 2010 pelo SDO. (SDO/AIA) 2. Composição de diferentes comprimentos de onda do disco solar. (SDO/AIA)