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Centro de Astrofísica da Universidade do Porto
26 outubro 2010

Uma equipa internacional de astrónomos, com a participação de vários investigadores do CAUP, utilizou dados do satélite Kepler (NASA) para determinar que a estrela KIC 11026764 tem 5,94 mil milhões de anos e um raio 2,05 vezes maior que o Sol. Isto traduz-se numa precisão de apenas 1%, ou seja, 10 vezes melhor do que seria possível obter com técnicas convencionais.

Segundo Mário João Monteiro, director do CAUP e membro do Steering Commitee para o Consórcio de Ciência Asterossísmica do Kepler (KASC): "Esta estrela é como um Sol envelhecido. O seu estudo, recorrendo aos dados de elevada precisão do Kepler, permitiu-nos dar um salto qualitativo na nossa compreensão, com impacto na capacidade de prever a evolução de estrelas como o Sol".

Monteiro afirma ainda que: "Temos agora uma nova janela para estudar o Sol e estrelas semelhantes, mas com diferentes idades. Esperamos ser finalmente capazes de conseguir atribuir idades precisas às várias fases da vida das estrelas".

A medição da idade de uma estrela é uma questão fundamental para a Astronomia. Só com essa informação é possível resolver alguns problemas acerca da evolução estelar, ou até mesmo perceber como irá morrer o Sol. No entanto, este é também um dos parâmetros mais difíceis de estimar numa estrela, uma vez que não pode ser observado directamente.

A asterossismologia desempenha por isso um papel central na determinação da idade das estrelas. Nos últimos anos esta técnica sofreu um grande desenvolvimento, em parte graças à obtenção de dados observacionais com muito melhor qualidade.

Desde o seu lançamento, em Março de 2009, que o Kepler mede continuamente e com grande precisão o brilho de mais de 150 mil estrelas. Estas medições têm como objectivo principal a detecção de exoplanetas, através da observação de trânsitos planetários.

No entanto, os dados que o Kepler tem obtido apresentam uma qualidade tão elevada que têm permitido também a detecção de pulsações nessas estrelas. Estas vibrações permitem determinar vários parâmetros estelares com uma precisão muito elevada, recorrendo a técnicas de asterossismologia.

Devido à proximidade da nossa estrela e à possibilidade de a observarmos facilmente, a asterossismologia era já amplamente utilizada no estudo do Sol, mas o estudo detalhado de vibrações noutras estrelas era dificultada pela falta de dados observacionais com qualidade suficiente. Desta forma, as observações do satélite Kepler têm estado a revolucionar a investigação da estrutura e evolução das estrelas.

Notas
A asterossismologia (ou sismologia estelar) é o ramo da astronomia que estuda as vibrações ou pulsações que as estrelas apresentam, resultantes da propagação de ondas no interior e à superfície das estrelas – literalmente sismos estelares. Essas ondas são detectadas pelas variações que provocam no brilho, dimensão e forma da estrela, mas exigem a utilização de dados observacionais muito precisos.

Um trânsito planetário ocorre quando um planeta passa na linha de visão entre a sua estrela e o telescópio, provocando uma diminuição muito ligeira do brilho da estrela (semelhante a um “mini-eclipse").

Estes resultados fazem parte de um conjunto de artigos apresentados hoje (26/10/2010) numa conferência de imprensa conjunta NASA/KASC, realizada durante a conferência The power of Helio- and Asteroseismology, que decorre entre 25 e 27 de Outubro, em Arhus (Dinamarca).

O artigo A precise asteroseismic age and radius for the evolved Sun-like star KIC 11026764, aceite para publicação na revista The Astrophysical Journal, tem como co-autores os investigadores do CAUP: Mário João Monteiro, Sérgio Sousa, Michaël Bazot e Tiago Campante.

Contactos
Mário João Monteiro
Tiago Campante

Núcleo de Divulgação do CAUP
Pedro Mondim
Filipe Pires (coordenador)
Ricardo Cardoso Reis

Mais informações
Comunicado de imprensa – Universidade de Arhus
Comunicado de Imprensa KASC
Video da Conferência de Imprensa Internacional
Slides da Conferência de Imprensa Internacional

1. Representação artística do satélite Kepler (NASA/Wendy Stenzel) 2. Campo de visão do Kepler (Software Bisque)